O Instituto Histórico e Geográfico Paraibano é a mais antiga instituição cultural da Paraíba em funcionamento. São 119 anos entesourando velhos alfarrábios, antigos documentos referentes à Colônia, ao Império e a República, mapas velhos, jornais e revistas fora de circulação, livros raros, arquivos privados.
Atualmente informatizados, livros e documentos encontram-se tombados em livros próprios e listados em catálogos disponíveis aos seus usuários. São cerca de 30 mil publicações e 32 mil documentos, higienizados e preservados graças ao trabalho competente e dedicado de uma equipe de especialistas pertencente ao Núcleo de Documentação e Informação Histórica Regional - NDIHR, da Universidade Federal da Paraíba, com quem o Instituto mantém convênio
Acomodado em estantes especiais, arquivos e armários de aço, mapoteca, hemeroteca, todo seu acervo vem cumprindo o objetivo principal estabelecido desde a fundação do Instituto, em 1905, para preservar a memória da Paraíba.

Antes do Instituto - esclareceu o historiador Celso Mariz em seu discurso nas comemorações do seu cinqüentenário - "o que dizia sobre a nossa terra estava espalhado em Rocha Pita, em Frei Vicente Salvador, em Jaboatão, em Aires Casal, em Southey, em Leopoldo Vieira, em Varnhagem. Tudo disperso e pouco..."
A busca das nossas raízes começou mesmo com estudos e pesquisas de Irineu Pinto, Manoel Tavares Cavalcanti, Castro Pinto, Coroliano de Medeiros, fundadores da Instituição. Fora do Instituto, Irineu Joffily publicou Notas sobre a Parahyba, em 1872, e Sinopses e Sesmarias, em 1894; Maximiano Lopes Machado, no Recife, amealhava seus apontamentos que resultaram na História da Província da Parahyba, concluída desde 1896 e somente editada em 1912.
Na fase inicial, sob a presidência estimulante de Flávio Maroja, que dirigiu o Instituto nas duas primeiras décadas deste século, nessa fase o IHGP tornou-se a Casa da Memória da Paraíba.
Houve quem alegasse, escrevendo sobre os primeiros anos do Instituto, que essa condição de Casa da Memória se deveu mais a paraibanidade de seus sócios, engolfados no propósito de valorizar a instituição.
Na realidade, o epíteto consubstanciou um enfoque novo de libertação dos tradicionais historiadores alienígenas, que se limitavam a descrever fatos econômicos e de guerras descritivos das ligações da Paraíba com o Nordeste (principalmente com Pernambuco) e com Portugal.
Iniciou-se, com as principais figuras fundadoras do Instituto, a nossa historiografia. Não somente a descrição dos fatos, mas a interpretação de suas causas e conseqüências.
A iniciativa dos pais do Instituto foi bem acolhida pelos seus sucessores, que continuaram, num labor incessante, a "fazer ", a História da Paraíba. E nesse rol vamos encontrar Adhemar Vidal, Alcides Bezerra, Antônio Freire, Celso Mariz, Clóvis Lima, Eduardo Martins, Elpídio de Almeida, Florentino Barbosa, Francisco Coutinho de Lima e Moura, Francisco Barroso, Francisco Lima, Horácio de Almeida, Humberto Nóbrega, Irineu Joffily, João Lélis, João de Lira Tavares, José Américo de Almeida, José Baptista de Mello, José Gomes Coêlho, José Leal, Lauro Xavier. Leon Clerot, Luiz Pinto, Matheus de Oliveira, Oscar de Castro, Pedro Baptista, Pedro da Cunha Pedrosa, Raul de Góes, Rodrigues de Carvalho, Sabiniano Maia, Veiga Júnior e outros já falecidos.
Os atuais sócios, escudados nas armas e brasão do Instituto e sob a inspiração do seu lema Patriae Pro Gloriam et Magnitudine, continuam em grande atividade, divulgando seus estudos e pesquisas, desenvolvendo uma participação significativa na consolidação daquela paraibanidade que impregnou todo o corpo social do IHGP.
O instituto lançou em dezembro de 1996 o seu Memorial, contendo um resumo bibliográfico dos seus sócios fundadores e dos patronos, fundadores e ocupantes das 50 cadeiras que constituem o corpo de sócios efetivos.
Agora é vez de fazer-se a História do Instituto, com o lançamento do livro: A História do IHGP. Lançada a idéia pelo então Presidente Luiz Hugo Guimarães, a inciativa foi de logo apoiada pelos demais membros do Instituto.
Meticuloso trabalho de pesquisa foi encetado, tendo o autor lido e relido centenas de atas, fazendo um resumo que encheu 255 páginas editoradas no computador do Instituto; os relatórios publicados nas Revistas do Instituto e os constantes do arquivo foram esmiuçados; do Arquivo documental "Flávio Maroja", que amealha cerca de 32 mil documentos, foram colhidos e anotados preciosos informes; os ex-presidentes e sócios mais antigos foram consultados na busca de informações que não foram assentadas nas atas e relatórios do Instituto.
Foi trabalho árduo, mas agradável, porquanto pudemos acompanhar a trajetória da organização até os nossos dias. Sentimos o entusiasmo dos primeiros anos, quando o instituto tinha o bafejo do oficialismo; sentimos o desânimo dos dias difíceis, o Instituto numa permanente sede provisória, valendo-se da prestimosidade dos dirigentes do Liceu Paraibano, da Biblioteca Pública, da Assembléia Legislativa, da Escola Normal, da Imprensa Oficial, ao léu anos e anos, até a construção de sua sede própria.
Não obstante, mesmo com esses percalços, o Instituto reagiu ao pouco interesse de alguns associados e resistiu bravamente sob a liderança perseverante de Flávio Maroja.
Era preciso revelar essa saga, numa história que está contada década por década, mencionando a composição das Diretorias, a movimentação do corpo social, a comemoração das grandes datas, as conferências e palestras, os cursos realizados, a produção histórico-científica dos associados, a posição do Instituto perante importantes fatos da nossa história; a defesa do patrimônio cultural e histórico; suas iniciativas.
A História do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano é mais um serviço que se presta, objetivando que pesquisadores e estudiosos possam, mais tarde, reconhecer a importância desta instituição que é, sem dúvida, a Casa da Memória da Paraíba.
É oportuno reconhecer que o engrandecimento do Instituto deve-se ao trabalho incessante dos seus associados, desde a fundação até aos nossos dias, que primam em exaltar sua imagem através de sua constante participação no magistério, na magistratura, na política, proferindo conferências e palestras, lavrando pareceres, escrevendo artigos em jornais e revistas especializadas, publicando obras importantes para a nossa historiografia.
É justo reconhecer, também, o apoio e dedicação de quantos servidores colocados a nossa disposição pelo Estado e pela Prefeitura Municipal, que deram sua contribuição valiosa para que o Instituto funcionasse a contento.
É imprescindível enaltecer a ação de professores e bolsistas da Universidade Federal da Paraíba, que, através do Núcleo de Documentação e Informação Histórica Regional - NDIHR - emprestaram sua competência na organização e catalogação do nosso acervo cultural.
Texto extraído do livro: "História do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano", de Luiz Hugo Guimarães, Editora Universitária, 1998 - João Pessoa-PB.